segunda-feira, 30 de junho de 2014

Formação para a Juventude

Faz parte cada vez mais crescente da atuação da Pastoral Familiar a formação da juventude em aspectos como relacionamentos, afetividade, sexualidade, a beleza do matrimônio e da vida em família... Este último final de semana de junho foi um exemplo disso.
O Ministério Jovem e o Ministério das Famílias da RCC (Renovação Carismática Católica) do Vicariato Leopoldina se uniram para realizar o I Encontro de Namorados e Noivos que trabalhou exatamente essas questões com os jovens casais. O auditório do Colégio Pio XI em Ramos ficou cheio para as atividades de um dia todo de formação.


Formação também que aconteceu numa bonita parceria entre o Setor Juventude – que reúne todos os movimentos ligados à juventude – e a Pastoral Familiar da Paróquia Sagrada Família, do vicariato Oeste. Na sua reunião mensal que acontece após a Missa das 18h, o tema foi “O Namoro Santo”. Vejam como esta integração é super-válida!
 


 

sábado, 28 de junho de 2014

A Família na Palavra de Deus

"O anúncio da Igreja sobre a família encontra o seu fundamento na pregação e na vida de Jesus, o qual viveu e cresceu na família de Nazaré, participou nas bodas de Caná, das quais enriqueceu a festa com o primeiro dos seus «sinais» (cf. Jo 2, 1-11), apresentando-se como o esposo que une a si a Esposa (cf. Jo 3, 29). Na cruz, entregou-se com amor até ao fim, e no seu corpo ressuscitado estabeleceu novas relações entre os homens. Revelando plenamente a misericórdia divina, Jesus concede que o homem e a mulher recuperem aquele «princípio» segundo o qual Deus os uniu numa só carne (cf. Mt 19, 4-6) (...)
O livro do Génesis apresenta o homem e a mulher criados à imagem e semelhança de Deus; no acolhimento recíproco, eles reconhecem-se feitos um para o outro (cf. Gn 1, 24-31; 2, 4b-25). Através da procriação, o homem e a mulher são tornados colaboradores de Deus no acolhimento e transmissão da vida (...)
Jesus, ao assumir o amor humano, também o aperfeiçoou (cf. GS 49), entregando ao homem e à mulher um modo novo de se amar, que tem o seu fundamento na fidelidade irrevogável de Deus. Sob esta luz, a Carta aos Efésios indicou no amor nupcial entre o homem e a mulher «o grande mistério» que torna presente no mundo o amor entre Cristo e a Igreja (cf. Ef 5, 31-32). Eles possuem o carisma (cf. 1 Cor 7, 7) de edificar a Igreja, com o seu amor esponsal e com a tarefa da geração e educação dos filhos. Ligados por um vínculo sacramental indissolúvel, os esposos vivem a beleza do amor, da paternidade, da maternidade e da dignidade de participar deste modo na obra criadora de Deus."
 
(Instrumentum Laboris para o Sínodo das Famílias 2014, n. 01 - 03)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Instrumento de Trabalho do Sínodo

Foi divulgado hoje pelo site do Vaticano, já com a versão em Português o Instrumentum Laboris, ou seja, o instrumento de trabalho, para preparação do Sínodo extraordinário dos bispos que terá como tema a Família e acontecerá em outubro deste ano.
A partir dos questionários respondidos pelas bases, que tiveram suas respostas compiladas e enviadas por cada Comissão Episcopal de todas as parte do mundo, o documento reconhece todos os tipos de problemas e desafios contemporâneos que afetam a família, e propõe linhas de ação pastoral.
E nós traremos periodicamente pequenos trechos do Instrumento, aqui no nosso blog, para sua reflexão. Aproveitem!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Pastoral Familiar no Vicariato Urbano

 
No sábado, dia 14/06, às 18h30, foi realizada a 1ª Missa da Pastoral Familiar da Paróquia de São Januário e Santo Agostinho, do bairro de São Cristóvão. A celebração Eucarística foi presidida por Frei Edielson, que durante a sua Homília ressaltou os desafios que as famílias vivem nos dias atuais, e convidou todos presentes a lutarem pelas famílias, participando da Pastoral Familiar. A Missa foi celebrada com muita alegria.
Ao final, o casal coordenador da recém-criada pastoral,  Arthur e Tatiana, realizaram a passagem do quadro da Sagrada Família, rito que ocorrerá a cada 15 dias. Além da comunidade paroquial, também estiveram presentes "apadrinhando" a nova Pastoral de São Januário, membros da Pastoral Familiar das paróquias Sagrado Coração de Jesus e Santa Edwiges.
Que Deus Abençoe e ilumine a Pastoral Familiar de São Januário e Santo Agostinho. Amém.

 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Hora Santa das Famílias

Foi celebrada a Hora Santa das Famílias de Adoração ao Santíssimo Sacramento na Igreja de Sant´Ana. Toda esta semana é de preparação à solenidade de Corpus Christi que terá sua culminância com a procissão da unidade, na quinta-feira, dia 19/06, saindo da Candelária às 16h, indo até a Catedral metropolitana.
 



 

domingo, 15 de junho de 2014

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR 2014 (2)

Momentos de oração, reflexão, partilha, a Santa Eucaristia... Continue acompanhando o nosso retiro da Pastoral Familiar 2014, conduzido por Dom Antônio Augusto.


 

3ª Meditação – A Glória de Deus

“Dois silêncios que mudaram o mundo“: Este é o título de um livro muito interessante que li e que falava de José e Maria. José, num momento de silêncio, enquanto dormia, recebeu uma revelação divina pelo Arcanjo Gabriel. Nesta revelação ele descobriu sua identidade: era esposo de Maria. E depois tomou consciência da sua missão: dar o nome do menino que dela nasceria de jesus. Para o homem bíblico dar o nome significa tomar responsabilidade sobre a pessoa nomeada. E quando acordou, diz a Palavra, fez como o anjo havia dito. E ele cumpriu muito bem sua identidade e sua missão. Nenhuma palavra sequer de José é dita na Bíblia. Quando ele começou a perceber o os sinais de maternidade em Nossa Senhora, nada perguntou. Ficou em silêncio.

E Maria, o segundo silêncio, vendo e percebendo o conflito interior do seu esposo não perguntou nada. Até que o próprio corpo denunciou a maternidade. Ela nada disse. José nada perguntou. E o maior acontecimento da humanidade estava acontecendo. Suas atitudes nos ajudam a compreender o valor do silêncio. Maria sofreu com o silêncio de José. José sofria por não compreender a maternidade de Maria. Os dois silêncios humanos que acompanharam o grande silêncio de Deus. Deus atua na história da humanidade e deixa tudo sob o silêncio do seu mistério. Deus está silencioso, por exemplo, no mistério da Eucaristia, em sua humanidade e sua divindade. Deus nos acompanha e nos ouve neste retiro, em silêncio. Ele vai se comunicando de um modo divino.

Vamos nos perguntar: por que eu existo? Cada um de nós tem uma identidade e uma missão. Cada pai e mãe cuidam de uma vida para prepara-la para a Vida. Quem é este que tem uma participação tão especial na minha história a ponto de se tornar meu esposo/ esposa? É um mistério de fé.

Aqueles dois jovens, certamente, conversavam sobre muitas coisas, mas diante de um grande mistério se calaram. Nazaré era um lugar de má fama e foi exatamente ali que Deus foi buscar a mãe de seu filho. Foi ali que escolheu um carpinteiro para ser o guardião da sua família. Maria não se preocupou em manter sua “boa fama”. Deus a escolheu, realizou sua obra misteriosa pelo Espírito Santo e José teve um pensamento que mostrava toda a sua maturidade: ele preferiu abandonar Maria, para que, se alguém tivesse que sair sem glória, que fosse ele. Afinal, ambos só viviam para a glória de Deus. No silêncio e anonimato das suas vidas, não colocaram uma placa na porta de casa, dizendo: “Aqui mora Deus!”.

Eu vivo para a Glória de Deus. Essa é a razão da minha existência. O sentido da minha vida não é ser bem visto ou compreendido pelas pessoas, não é ser valorizado, nem ouvido, nem rico ou famoso, mas é manifestar Deus através da minha vida, do meu trabalho. Jamais esconder Deus. Enquanto sigo o caminho contrário, a vida não é vida verdadeira. Não encontramos respostas às nossas perguntas.

O universo inteiro revela Deus. Desde os átomos e vírus vemos tanta perfeição, harmonia e beleza. Por isso, diz a Palavra: “Só um tolo não conhece a Deus através da criação!”. A criação grita que Deus existe. Deus não precisa de glória, de reconhecimento... a palavra glória significa manifestação. Deus se revela para nós: sua bondade, beleza, amor. Essa é a glória íntima de Deus que ele quis exteriorizar. Esta é a razão da razão. Ele quista compartilhar sua glória com as suas criaturas. E nós somos a criatura que mais manifesta a glória divina. E muitas vezes roubamos a glória de Deus. Nós que somos imagem e semelhança de Deus, queremos ser “deus” sem Deus. E daí vieram todas as consequências do pecado original, o campo do orgulho e da soberba, que nos acompanham 24 horas por dia. Eles nos acompanham em frases que jamais deveríamos pronunciar, do tipo: “Você sabe com quem está falando?”. Não admitimos nossos erros, quando somos corrigidos ou criticados... são sempre os outros que estão errados. Nós somos quase que geneticamente soberbos e orgulhosos, procuramos a nossa glória pessoal e nos afastamos da vida verdadeira que é viver ao lado de Deus.

Trouxe aqui um livro que foi inspirado nesta casa de retiro do Sumaré onde este retiro acontece. Todos os anos acontece o retiro de formação para os bispos. Há alguns anos atrás, dom Orani sugeriu que um bispo de uma diocese no interior do Paraná, escreveu um livro chamado “50 Histórias de Conversão ao Catolicismo”, baseado em sua experiência pastoral de publicar essas histórias no boletim da sua diocese.

Neste momento, Dom Antonio leu duas destas histórias. Foram artistas de cinema que se converteram. Um deles já tinha inclusive ganho um prêmio Oscar pelo filme a Pote do Rio Kwait, e em 1995 fez o filme “O Prisioneiro” em que era um ladrão de um bispo Húngaro. Teve, assim, certo contato com a religião. Depois fez um outro filme em que interpretava um padre. Num intervalo rápido das filmagens resolveu passear sem tirar a batina. Um menino de nove anos, o encontrou e pediu: Padre, em dá uma bênção?”  e pensou: “Isto é religião.”. Alguns anos se passaram e ele foi vendo como sua vida de sucesso e fama não era nada sem Deus. Antes de morrer, ligou para Franco Zefirelli e disse que sabia que sua hora de deixar o mundo se aproximava e tinha muita pena do mundo infame, ou seja, sem fama. Constatou que tantos querem ser adorados por Deus.

Aos 45 anos deixou Hollywood, Dolores Heart, que fez muitos filmes com Elvis Prelsey, e foi para um convento beneditino contemplativo. Não foi algo repentino. Ela já vivia o catolicismo. Nos intervalos das gravações, ela conversava sobre a fé e a religião com os artistas. Elvis perguntava se ela tinha lido a Bíblia e perguntava se teria uma Bíblia em mãos. E eles a liam juntos. E ainda acrescentava, pedindo que ele cantasse músicas inspiradas nos Salmos. Eram para ele cantos de profunda devoção.  Ao ser perguntada como um artista de cinema abandona tudo para ser uma monja de clausura, ela responde que foi um processo gradual e difícil, mas que sua nova vida foi sua melhor escolha. Ela sentia-se cansada e foi visitar o mosteiro para descansar. Logo percebeu que era aquilo que Deus esperava dela. Era exatamente o oposto de tudo o que ela vivia: uma vida na estabilidade de ânimo, enquanto ela tinha uma vida de altos e baixos. Faltava-me essa estabilidade. Não por que era bipolar, mas porque era vaidosa. Faltava-me Deus, constatou ela.

Quando damos glória a Deus os nossos talentos vão se multiplicando e as pessoas nos elogiam e valorizam... não sejamos ingênuos. As mesmas vozes que gritam: “Hosana, hosana”, vão gritar depois: “Crucifica-o, crucifica-o”. A glória humana dura o tempo dos fogos de artifício. Depois vem a escuridão e cheiro da pólvora. Dora o tempo de uma interjeição: Ooohhh!.

Por isso, o papa João Paulo II costumava escrever nos seus documentos: “Para Deus toda a Glória”. Sua glória era toda para Deus. Assim como ele, tantas outras pessoas. Devemos nos questionar: quais são minhas intenções? O que procuro? O que está atrás dos meus esforços? O papa Francisco questionava recentemente bispos e sacerdotes do mundo inteiro: “Onde vocês estão no final do dia? Diante de Deus ou diante da tela do computador?”. Tudo o que fizermos deve ser para a glória de Deus. Como dizia Santo Agostinho, como seria triste percebermos que corremos muito, mas fora do caminho...

Na missa dos defuntos se reza: descanse em paz. O que cansa é corrermos atrás da glória pessoal. E aos mortos se dia: Descanse em paz. Que possamos com nossa vida e com nossa morte, como Jesus, glorificarmos a Deus. Na hora da morte, Jesus não pensa em si mesmo, não fala de si, não faz referência a si mesmo. Pensa na mãe, no discípulo, no ladrão, nos que o insultavam e matavam... Jesus não fez espetáculo, nem nada em benefício próprio. É um exemplo a ser seguido. Meditemos sobre nossas intenções. Por que tanto esforço, tanta dedicação? A quê? Será que temos nos servido da Igreja por nossa glória pessoal? Ai de quando não nos convidam, não levam em consideração nossas sugestões!...

Se há uma oração que rezamos muitas vezes na vida é: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.”. Não basta só rezar é preciso viver isso. Mais do que palavras, nossas orações precisam ser vida em nossas vidas.

No silêncio oculto, Maria e José viveram. Jesus nunca procurou fazer milagres para se enaltecer, mas sempre para que cumprisse a vontade de Deus, o Pai.

É uma conversão fundamental na nossa vida, nos convertermos nas nossas intenções. A soberba, o orgulho e a vaidade morrem 24 horas depois que morremos. Será que não gostaríamos de estar com um olho e um ouvido aberto para ver quem foi no nosso funeral... ou que falaram de nós....?

Paremos de idolatrar o nosso eu. Um mandamento que confessamos muito pouco é o segundo mandamento. Será que temos dado toda glória a Deus?. Outro ponto: o ato mais grandioso que fazemos para dar glória a Deus é pela Missa. É o terceiro mandamento. Se soubermos viver estes três primeiros, saberemos viver todos os outros.
 
“Quer comais, quer bebais, façais tudo para a Glória de Deus.”; “A criação toda geme como em dores de parto, esperando a manifestação de Deus.” – dizia São Paulo.

 
 

4ª Meditação – O Amor Matrimonial

 

Começamos esta meditação pedindo a presença do Espírito Santo para que Ele inflamasse os nossos corações. Pensemos no papa. Cada qual tem a sua personalidade, seus carismas, sua história.

Gostaria de lembrar de um papa que foi canonizado recentemente: João Paulo II, o Papa da Família. No n. 17 da Familiaris Consortio: “A Missão da família é custodiar, revelar e comunicar o amor.” Usava estes três verbos: custodiar, revelar e comunicar. Custodiar, revelar e comunicar Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A família mostra a paternidade divina, a filiação divina e o amor divinos. O esposo e a esposa contemplam admirados ao cônjuge, os filhos, os irmãos. A glória das pessoas casadas é essa. O amor matrimonial é a forma dos filhos conhecerem o amor de Deus. O amor de Deus pelas pessoas precisa ser revelado no amor conjugal.

É interessantes que nos romances sempre se diz a expressão: “Viveram felizes para sempre.”.  Ora, só Deus é para sempre! A doutrina católica quando se refere ao céu, também usa a expressão “para sempre”. Os realistas, que na verdade são pessimistas, acha que isto não existe. Os idealistas acham que para sempre só é possível quando não se têm problemas. A vida matrimonial é a maior e a mais surpreendente aventura da vida. É o melhor serviço que se pode prestar à Igreja e ao Mundo. É como a amor de Deus que nunca se esgota, mas sempre se renova. É capaz de trazer o céu para a terra. Um cônjuge pode dizer ao outro: “O céu começa por você!”. O casamento é uma comunhão de pessoas a tal ponto que quase não se distingue quem é quem. Como a comunhão trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo. Três pessoas, mas um só Deus. E os casados: duas pessoas, mas uma só carne. Essa fusão (termo usado por Bento XVI) da divindade com a humanidade – ao referir-se à Encarnação – e que pode ser empregado por analogia aqui também.

Um amor que foi surgindo aos poucos, sem sabermos porque ou como, mas por trás disso tudo estava Deus, preparando aquele homem e aquela mulher para serem reflexo do seu amor. Não bastava só natureza.... Era preciso mostrar mais intimamente a sua natureza divina. Era preciso unir um homem com uma mulher para que fossem custódios, reveladores e comunicadores da comunhão do amor da Santíssima Trindade.  Só podemos nos aproximar deste mistério vendo o amor matrimonial.

A mais eficaz evangelização que a Igreja faz com as famílias não é o que elas falam sobre o amor, mas como elas vivem o amor. Lembremos que Deus é amor. Na intimidade de Deus ninguém pensa em si mesmo.  Amar é pensar continuamente na pessoa amada. A verdadeira paixão é o motor do amor. Não confundamos paixão om obsessão. A paixão verdadeira não se importa consigo mesmo, mas só com o outro. É a loucura de Deus. Assim, o amor da Trindade “explode” na criação, e o amor do casal “explode” nos filhos pela doação total do esposo pela esposa e vice-versa.

O mundo precisa nos conhecer não pela nossa pregação, mas pela nossa comunhão. “Eu me doo e não penso em mim, porque não me pertenço mais.”. Talvez esse seja o grande medo egoísta que as pessoas tem: “Se eu não pensar em mim, quem vai pensar?...”. Mas o movimento é o oposto, se eu me esqueço de mim, o outro vai se lembrar de mim. “Amar não é ir juntos para a cama, mas é levantar-se juntos todos os dias e ir enfrentar a vida.”, disse uma vez o ator Henry Fonda. Jesus disse: “Quem quiser vir a mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga!”. Quando Jesus desceu à terra ele “se esqueceu do céu”, foi totalmente submisso às leis humanas: nasceu, cresceu, aprendeu, sofreu... Quantas vezes fomos visitar Jesus no sacrário hoje? E ele estava aqui nesta capela, esquecido. E não nos cobra nada, porque quem ama não cobra....

A família na sua unidade de amor, um cuida do outro e, ás vezes, se esquece de si mesmo para cuidar de outras famílias. Cada um de nós é imagem de Deus e os outros esperam de nós não o que material podemos dar, mas que doemos e revelemos a imagem deste Deus que mora em nós.

Quando se disse sim no dia do casamento, não era um sim para um contrato para um sim para me entregar como pessoa, entregarmos Deus que mora no mais íntimo de nós. Só assim “fechamos a porta dos fundos”. Alguns deixam uma festinha aberta para fugirem. Quem assume o compromisso do matrimônio só tem uma porta de entrada.

Quais seriam alguns esquecimentos próprios para a esposa? Ser aquela que custodia, revela e comunica a imagem de Deus é...

-  interessar-se mesmo pelo trabalho profissional do marido, pelos seus projetos e dificuldades profissionais.

- não falar só por falar. Silenciar antes na presença de Deus. Esquecer-se de si neste sentido.

- esquecer-se do cansaço, estar sempre colhedora, alegre e disposta.

- amar o marido mais do que os filhos, ou, pelo menos, como ama os filhos.

- não ser irônica, nem muito ciumenta.

- não ser amiga do marido, mas esposa.

-  não gastar com caprichos ou coisas supérfluas.

- não exagerar as dores e contrariedades diárias.

- cuidar-se para o marido e não para as amigas.

- amar a quem o marido ama e não ter ciúmes da sogra, porque ela é a mãe.


Para o esposo, esquecer-se de si e cultivar o amor é....

- prestar mais tenção aos trabalhos de casa, mais do que ao seu trabalho profissional ou os seus hobbies.

- fazer pelo menos o mesmo esforço que faz na profissão para crescer na atenção à esposa.

- querer a esposa mais do que qualquer outra pessoa do mundo.

- querer a mulher cada vez mais, mesmo quando ela perde as vantagens estéticas da juventude.

- não gastar tempo demais reclamando do cansaço do seu trabalho, mas interessar-se pelo trabalho dela, seja profissional ou da administração do lar.

- é usar a agenda e anotar as datas.

- é não ter vergonha de falar de si.

- falar muitas vezes que a ama.

- convencer-se que o melhor negócio é dedicar-se a ela.

- tomar decisões na vida em comum acordo.

- nunca deixar de usar aliança, um sinal para lembrar-se da pessoa amada.

 

E os dois, esposo e esposa, em conjunto? Esquecem-se de si mesmos...

- viver felizes para sempre se consegue também quando ambos se esquecem de si mesmos na hora da briga. É estar disposto, cada um, para reconhecer seus próprios erros e pedirem desculpas e nunca brigarem diante dos filhos, ou, se isso acontecer, fazerem a reconciliação também diante dos filhos. O amor matrimonial fundado em Deus não morre por causa das brigas, mas cresce por causa delas.

- que nenhum dos dois faça a ata da culpa.

- permitir que o outro desabafe.

 
Deus esqueceu-se de si, e só pensou e fez tudo por nós. Deus não se cansa de perdoar. Deus sempre se renova. A Santíssima Trindade continua se revelando no amor humano, do amor matrimonial. A poeta Adélia Prado disse recentemente que Deus é “Amante, Amado e Amor”. O amor conjugal não é só fusão de corpos, mas comunhão de pessoas. Ao colocarmos a aliança no dedo um do outro, por nossas palavras, pedimos que a Santíssima Trindade nos unisse. Vivamos diariamente este amor e comunhão.

 

5ª Meditação – A Santíssima Trindade

Tenho um livro que diz que a Trindade se apaixonou pelo homem e deseja vivamente habitar a nossa alma. E essa ação se perpetua na Eucaristia. Dela nasce para a Igreja e para toda humanidade esta graça. Nela atua toda Santíssima Trindade.

Não existem pessoas humanas perfeitas, mas as Pessoas da Santíssima Trindade o são. Ouvi certa vez que a parte mais bonita do amor é o sacrifício. O Pai mostrou todos o seu amor pedindo que o Filho, em cooperação com o Espírito santo, se sacrificasse por nós. Quem ainda não entendeu isso, não sabe o que é amor. Isso é real, Deus se sacrificou por não. Deus não poupou-se por mim. Ele veio ao mundo para mostrar esse amor por nós, que somos imperfeitos  e limitados, por nós que muitas vezes damos as costas para Deus e nos esquecemos dele. Não aproveitamos os momentos que temos para o ouvirmos para falarmos, para estarmos com Ele.

A celebração da Eucaristia – sacramento do mor—sua simples presença em cada Igreja, capela ou oratório, é uma declaração de amor. Deus grita, canta, fala, abraça, demonstra o quanto ele nos ama.

Há um gesto pequeno na Missa, antes de fazer o ofertório do vinho, quando ele coloca uma gota de água no cálice e reza em silêncio; “Pelo mistério desta água e deste vinho possamos participar da divindade do vosso filho que se dignou assumir nossa humanidade.”. Quando participamos verdadeiramente da missa deixamos esta corrente de amor atuar em nós.

A Igreja se constrói pela Eucaristia, assim como eu construo meus relacionamentos também por Ela. A Eucaristia e

- o sacramento do amor,

- fonte de unidade,

- penhor da vida eterna,

- passaporte para o céu

E quantas vezes deixamos esta graça passar....

Há um folheto que conheci falando sobre o burrinho que estava junto do presépio ou o que levou Jesus na sua entrada triunfal em Jerusalém. Nos compara a rudeza deste burrinho. E nós somos mais rudes para com o Senhor do que o burro para com os homens. Mas o Senhor sabe das nossas imperfeições. Ama-nos divinamente, mas nós devemos amá-lo humanamente, pelo menos, com as finuras e delicadezas que podemos realizar com nossa alma. Uma dessas delicadezas é nos prepararmos bem para a Missa. Certas pessoas se preparam tão bem para eventos humanos, que tem um valor tão relativo. Mas e eu? Como me preparo para este intenso momento de encontro de amor com a Trindade? Os sacerdotes recebem várias orientações de como se prepararem com várias orações (antes e depois da Missa também). Nós podemos ajudar o sacerdote também para isso, não importunando-o desnecessariamente. Cada um de nós também pode se preparar para chegar à Missa com o coração mais sensível a essa corrente triniária de amor. O que eu assisto é o sacrifício do Filho, oferecido em nosso nome pelo Pai, com a ação do Espírito Santo. Podemos nos preparar com orações, silêncio, pontualidade... É como num jogo de futebol: precisamos nos aquecer antes da partida, para julgá-la bem.

Nosso coração precisa ser, pelo menos, como a gruta de Belém. São José fez o que pode para tentar acomodar Maria e Jesus. Nos também precisamos fazer o que podemos. E o que podemos fazer? Prestar atenção às orações desde o início e assim estaremos humanamente correspondendo toda atenção que ele nos dá. Neste mesmo livro do burrinho, o autor conta que uma vez foi questionado por um mulçumano:

- Vocês, católicos, não acreditam que Jesus está na Eucaristia que fica no sacrário!

- Como não?! – Ofendeu-se ele.

- Se acreditassem de verdade, viveriam prostrados diante do tabernáculo!

Será que acreditamos de verdade na presença de Jesus na Eucaristia? Cremos que todo o Céu está presente quando se celebra o Santo Sacrifico da Missa? Ora, precisamos renovar muito a nossa fé na Eucaristia. É o  maior de todos os sacramentos, e ir à missa participando com mais fé , esperança e caridade é um propósito que podemos fazer. Será um intenso momento de carinho. Pois um amor que não demonstra carinho vai se esfriando. Não é verdade isso no amor conjugal? Assim, também no amor de Deus. Sem carinho o amor torna-se vulnerável. Deus também conta com os nossos carinhos humanos. Como todo carinho, são gestos pequenos, mas significativos. Carinhos que devemos ter com Deus na Missa. Abrir a Deus o nosso coração, lhe fazermos confidências, contando-lhe nossas alegrias, tristezas, dores, esperanças... Deus também se confidencia conosco pela sua Palavra. Retribuamos este gesto de confiança. Há uma poesia, que em um dos versos, diz: “Há quem contarei as minhas penas, se não a Ti, meu Amor?”. A quem mais posso abrir o meu coração?

Posso me preparar preservando o silêncio, sendo um testemunho para os outros de silêncio, pensando como me comportaria durante uma cerimônia com uma personalidade muito importante. Não atender o celular, não beber água... são pequenos gestos de amor e carinho.

E mesmo que reclama que Deus não ouve, que a graça que eu peço não vem... ora, quer graça maior do que a Eucaristia. Lembre-se de que a maior espera é a de Deus. Ele me espera há dois mil anos no sacrário, espera minha conversão, meu amor, meu carinho. E ele não reclama, continua amando. Quando o centro dos pensamentos, sentimentos e esperanças é a Eucaristia, que abundantes frutos Deus envia para esta pessoas e essa família.

 

 

2ª palestra – A AÇÃO ESTRATÉGICA DO LEIGO NO MEIO DO MUNDO

 

A estratégia da ação dos leigos no meio do mundo chama-se unidade de vida. Esse é o traço característicos da nossa vida. Um exemplo disso é a morte que nada mais é do que a desunião entre o corpo e alam. As patologias, as doenças, são reflexo da perda da unidade e do equilíbrio. Uma das piores doenças de conhecemos é o câncer, que, nada mais é do que um conjunto de células que se desunem da harmonia do restante do corpo e se multiplicam desordenadamente. Resumindo, então, unidade e vida; desunião é morte.

 

Para nós, que somos chamados a agirmos para o bem do mundo, esse é um tema muito forte, que não pode ser só uma palestra num retiro, mas precisa ser uma proposta de vida. O Concílio Vaticano II, na Constituição Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), num dos seus parágrafos, lemos:

“O divórcio entre a fé e a vida diária de muitas pessoas deve ser considerado como um dos mais graves erros da nossa época.”. A dissociação entre o que vivemos e o que cremos é o maior mal da nossa época. E aqui temos nossa responsabilidade, para não cometermos este erro grave. Porque ser cristão, muito ais do que ser humano, é ser uma pessoa uma! Ser um só em todos os momentos da vida, sabe viver a unidade e ser princípio da unidade.

E das tentações mais frequentes que sofremos (e às vezes caímos), a pior é levarmos uma vida dupla: sermos uma pessoa na paróquia e outra em casa; uma pessoa em casa e outra no trabalho; uma no trabalho e outra no barzinho... Talvez se fossemos filmados secretamente 24h por dia e depois víssemos o filme da nossa vida, talvez não nos reconhecêssemos em muitos momentos. Quando estamos sozinhos agimos de um jeito, quando estamos na frente dos outros agimos totalmente diferente... Muitas vezes usamos a desculpa que este é o nosso modo de ser, mas na verdade, esse é o nosso modo de não ser. Deus nos criou únicos e unos: alma e corpo, matéria e espírito. Essa união é tão forte, que quando morremos a alma se separa do corpo, mas Deus, em seu poder, pode depois re-unir esses dois elementos na ressurreição. Somos coração e cabeça, temos vontade livre e inteligência, somos família, mas também fazemos parte da família que é a humanidade. Temos realidades concretas na nossa vida, mas vivemos também uma realidade transcendente. Vivemos no círculo de Deus, mas também nas coisas concretas do dia-a-dia. Há uma harmonia entre elementos oposto e até contraditórios. Temos nossas paixões, mas também temos nossa razão. Temos liberdade, mas também a graça de Deus.

E a missão da Igreja é uma só: dar uma formação para que tenhamos unidade de vida. Formar as pessoas para que sejam únicas e unas como é o desejo do projeto de Deus. O trabalho da Igreja é unir e jamais favorecer a desunião. E quantas vezes, até dentro de uma paróquia há desunião. E a culpa é de todos nós... A Igreja é UNA, Santa, Católica e Apostólica: o seu primeiro e principal traço é a unidade. As Igrejas que perderão esta unidade multiplicam-se e são totalmente diferentes umas das outras. Mas o papel da Igreja católica é promover a união em todos os âmbitos da sociedade. Ser católica é ser uma pessoa que cria unidade. A política, a mídia, nada de fora prejudica a Igreja; seu pior inimigo é a falta de unidade interna. E o pior inimigo de um católico é a falta da sua unidade de vida.

Com certeza, já lemos a oração comovente de Cristo na última Ceia (cf. Jo 17) em que Jesus reza exatamente pela nossa unidade.

Para criarmos unidade, precisamos ser unos. Precisamos ser pessoas que não vestimos uma máscara diferente conforme o ambiente. Preciso ter (1) unidade de objetivo, (2) unidade interior e (3) unidade de caminho.

 

(1)    O nosso objetivo bem determinado deve ser Deus, nos orientarmos sempre para o bem de todos, para o bem comum. O que destrói uma família e uma sociedade é o individualismo, que se orienta para si mesmo. Só contribuindo para o bem comum é que indiretamente receberemos o bem. E isso vale para todos os ambientes: a família, o trabalho, o condomínio, a paróquia... ou seja, devemos em tudo viver para Glória de Deus e não o nosso prazer pessoal. Para isso, precisamos fazer tudo por amor. Devemos em tudo nos perguntar: “Isso me leva a mar mais a Deus e as pessoas?” Se a resposta é “sim”, estamos acertando o alvo, o objetivo da nossa vida e seremos cada vez mais unificados e harmonizados. O egoísmos ao erigir o eu no objetivo absoluto da vida é incapaz de integrar e unir e aí começam as desagregações internas (dentro da própria pessoa) e externa (de nós mesmos com os outros). Onde está isso na Bíblia? Jesus ao encontrar um endemoniado de Gerasa, pergunta: “Qual é o seu nome? – Legião.”. O demônio é a imagem da desunião e da esquizofrenia. O egoísmo faz a gente ser Legião, no sentido até militar da palavra, que é como um exército que traz morte e destruição. Jesus deixa muito claro que não podemos servir a dois senhores. O amor deve ser sempre o nosso único objetivo, o amor verdadeiro que busca o bem de todos, em detrimento, muitas vezes do meu próprio. Como Deus faz: Ele só trabalha para o nosso bem.

(2)    Não só o que eu faço, mas o que eu sou deve expressar a unidade. Quem eu sou? Uma criatura de Deus, criada a sua imagem, com sua liberdade, que participa da sua inteligência. Mas não é só isso. Pela graça de Deus e pela ação do Espírito Santo, pelo meu batismo, eu sou filho de Deus, resgatado por este novo nascimento. Muita gente quer justificar-se “Ah, mas eu sou humano...”, sim mas fui elevado e fortalecido pela graça! Eu participo da humanidade, mas também da divindade. Eu nasci humano, mas o batismo me fez ser Filho de Deus. É preciso esta unidade que falta, às vezes, quando confundimos uma questão humana, com uma questão divina. Uns dizem: “Perdi a fé.”. Não. A fé é um dom de Deus, é ele quem nos dá. Mesmo que seja meio incipiente e destorcida, ela pode ser cultivada por atos bem humanos: rezando, lendo a Palavra, procurando o bem... A integração pessoal e interior entre a nossa vocação de cristãos e as nossas outras vocações secundárias é algo que se vive todas as horas da nossa vida. A unidade interior nos faz, por exemplo, ficar alegres até quando perdemos um ente querido, porque sabemos que a morte não é a última palavra. Não somos um mosaico, mas um tecido uno. Jesus dizia: “Guardai-vos do fermento do fariseus.”, que é a hipocrisia. A palavra “hipocrisia” em grego era a máscara utilizada no teatro grego para que os atores representassem personagens, ou seja, pessoas que eles não eram. Temos que ser cristãos em todos os ambientes. O que não pode ser vivida por uma pessoa boa, não pode se vivida por um cristão.

(3)    No início da Igreja não havia organização formal. Depois de Pentecostes ela foi crescendo grandemente. No início eles eram chamados de “os seguidores do caminho”, porque Jesus se identificou como o Caminho. A grande estratégia que nós temos é vivermos a unidade na rota. Ao contrário das outras duas mencionadas, que são bem íntimas, essa unidade é bem visível. Se um pianista, mesmo que seja bom, se parar de ensaiar e começar a erra, o público vai perceber a diferença. Quando eu procuro ser heroico ou medíocre nas minhas virtudes, as pessoas percebem. A fé, a esperança e a caridade devem estar unidade com a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. E às virtudes cardeais tem várias outras que lhes são anexas e que vão tecendo essa harmonia de virtudes. Vêm juntas a sinceridade, a veracidade... mas com falta de virtudes, este “tecido” se esgarça, se rasga.... vem a desunião. Começamos a criar rotas paralelas quando começamos a ser concessivos: “Não vamos ser tão radicais...”. Não é preciso ser fanático mas ser coerente. Sermos normais, ou seja, unos! O cardeal Albino Lucianni (Papa João Paulo I) escrevia cartas no Jornalzinho de Veneza de onde era bispo. Numa dessas cartas conta de um professor universitário de Bologna viajou a convite do Ministro da educação e foi convidado para passar a noite. Ele respondeu que não poderia porque teria aula de manhã. O Ministro respondeu: “Mas eu sou o Ministro da Educação, eu te dispenso!”. Ao que o professor respondeu: “Mas eu não me dispenso, porque meus alunos estão esperando por mim.”.

 

A unidade é a estratégia da santidade da Igreja. A vida das pessoas santas é uma vida uma. Falávamos, desde já o primeiro dia, de Chiara Luce. Foi a mesma antes e depois da sua doença. A doença não a desequilibrou. O pai conta que ao ver a filha sem poder andar, com muitas dores, careca e emagrecendo muito. Mas ela sempre sorria. O pai achava que era para agradar os outros, e começou a espiá-la pelo buraco da fechadura. E constatou sua unidade: mesmo sem ninguém por perto, continuava a sorrir.

Hoje vimos um mistério de unidade: três Pessoas que não um só Deus! É mistério de vida e comunhão. Que saiamos deste retiro com est propósito de vida, se sermos um!

 

 

6ª Meditação  - A Força da Beleza de Deus

 

Consideremos uma força de Deus que consideramos pouco: a beleza de Deus. João Paulo II, quando já estava bem doente e debilitada afirmou: “A beleza de Deus vai converter o mundo. ”Não só a beleza da música, pintura, arquitetura. Não.  Nossa família precisa ser bela, bonita. Nossas virtudes poderiam ser apresentadas  de forma bela. A Verdade pode ser bonita. Não precisa ser dura, áspera, nem agressiva. A beleza é a forma como Deus apresenta o seu amor, sua onipotência, sua bondade. Tudo o que se faz por amor reflete a formosura divina. Construir uma sociedade, uma família alicerçada na beleza é fazer com que o amor seja percebido e correspondido. Aí também entra a unidade de Deus: amor, misericórdia, onipotência, beleza. De qualquer ângulo de que contemplarmos a beleza de Deus vemos todas as suas qualidades. É preciso que nós nos convençamos disso, não do ponto de vista estético, mas ético: precisamos ser pessoas mais belas.

Precisamos sair daqui com este propósito: tornar nossa vida em família mais bonita! Ludowic, um monarca russo, que estava prestes a se converter ao Cristianismo, mandou enviados para irem a uma Missa na catedral de Santa Sofia para verem se Deus realmente estava lá. Eles descreveram a experiência dizendo que vendo os ícones, as velas e os incensos não sabiam distinguir se estavam no Céu ou na terra, mas tinham certeza de que Deus estava lá. A beleza vai converter o mundo. Como mostramos a verdade pela beleza de Deus?

Se vivermos bem a nossa vocação, se formos entusiastas em nossos trabalhos diversos. O “entusiasmo” significa ter Deus em si mesmo. Por isso, devemos viver entusiasmados. Não podemos ser pessoas que confessam sua fé e manifestam sua esperança com “cara de segunda-feira”. Não podemos ser cristãos que “arrastam os pés”, num cristianismo pessimista. “Será que vai dar certo? Será que o padre vai concordar? Será que as pessoas vão ajudar?”. Falta entusiasmo! Eu tenho Deus dentro de mim. Eu percebi a grandeza, a extensão e a profundidade da minha vida n’Ele.

Lembrem da JMJ no Rio em que nem o frio, nem a distância, nem a chuva impediram os jovens de se reunirem. Até pessoas de outras religiões forma contagiadas! O papa já é um senhor de idade, mas está sempre entusiasmado e vibrando. Poucas semanas após ser ordenado Papa, Dom Orani foi convidá-lo pessoalmente. Francisco afirmou: “Eu estou muito contente em ser Papa!” Isso é entusiasmo! E, ás vezes, nos incomodamos com o “espirro da minhoca”. Deus acredita no homem, Deus acredita na Igreja, Deus se entusiasma conosco. Jesus motivava os apóstolos a lançarem as redes e os convencia a irem para águas mais profundas. “Dai-lhes vos mesmo de comer a multidão....”, e Jesus faz o milagre: “Temos cinco pães e dois peixes, mas... (e aí vem o desânimo) o que é isso para tanta gente?...”. Ou com os discípulos de Emaús decepcionados com a morte de Jesus, que lhes aparece ressuscitado e com seu entusiasmo ao explicar as escrituras lhes inflama o coração.

O mundo seria bem diferente se nós, cristãos, fossemos contemplativos-entusiastas! Veríamos beleza até no que os outros dizem que são problemas ou desafios. São as sombras que deixam em evidência a luz de uma pintura. É a nossa humanidade que faz revelar mais fortemente a força da divindade. Até as contrariedades fazem parte da providência divina para que possamos no santificar e glorifica-Lo.

Dr. Eduardo Ortiz está me processo de beatificação. Espanhol, largou tudo para na década de 60 fundar uma faculdade que tivesse como projeto colocar em primeiro lugar as famílias dos alunos e depois os alunos. Um colega lhe perguntou o que ele preferiria: ser santo ou ganhar o prêmio Nobel de Medicina. Ele respondeu que as duas coisas não eram incompatíveis. “Preciso me esforçar para ser santo, como me esforçaria pelo Nobel.”. isso é unidade de vida. Isso é entusiasmo pela santidade!

Sobre a Copa do mundo o papa disse: “Não é só no futebol que ser ‘fominha’ constitui um obstáculo para o bom resultado do time; pois, quando somos ‘fominhas’

Charles Chaplin tem um discurso com as seguintes palavras: “Mais do que máquinas precisamos de humanidade.

 Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.”

Nossas famílias precisam ser mais belas, para que os outros digam: “Pelo seu comportamento, vejo que é de boa família.”. A beleza procede das boas maneiras. Não é mera etiqueta. Quando há amor, quando se busca agradar a Deus e o bem do outro, afinamos nossa lama e há delicadeza nos gestos. É mais do que cortesia e diplomacia. É um transbordamento da ternura de Deus. E preciso viver isso em família.

Cada família tem um tesouro escondido. E a Pastoral Familiar também tem esse objetivo. Precisamos vender tudo o que temos para comprar este campo (cf. Mt. 13). É preciso ter pressa ao sair do trabalho para voltar para casa. Precisamos cultivar mais a afabilidade nos relacionamentos. Podemos ser mais delicados: Deus nos quer fazendo a revolução da ternura, disse o Papa Francisco. Cultivar mais a compreensão, nas palavras e nas atitudes, por piores que sejam os problemas. “Ninguém te condenou? Nem eu te condeno... vai em paz!” (cf. Jo 8). Fazer o outro sentir-se acolhido. Como é bom saber que na minha família há pessoas que me escutam. Como é bom saber que alguém não se importa em perder tempo comigo! O que, na verdade, nunca é perda de tempo, mas um grande investimento. Ser delicado para não impor gostos ou vontades, mas propor na hora das decisões. Saber calar-se para ouvir o outro... são tipos de atitudes que atraem e contagiam! São coisas pequenas, mas foi exatamente com elas que Deus criou o mundo: milhões de grãos de areia, milhões de gotas de água, milhões de células...

Jesus se incomoda com a falta de delicadeza de Simão, em Lc 7, 44-47: “Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés; mas esta, com as suas lágrimas, regou-me os pés e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste o ósculo; mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta, com perfume, ungiu-me os pés. Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor.”

A força da beleza deve ser a força da nossa evangelização. A Igreja é portadora e custódia da Verdade, não pode conceder ou ser permissiva naquilo que é o verdadeiro bem para a sociedade. A Igreja não quer apenas inspiradora da beleza como foi no passado, mas quer ser ela também (cada um de nós, que somos Igreja) agentes da beleza.

Que saiamos deste retiro, não dizendo: ”Que bonitas meditações!”, mas sim: “Como quero fazer minha família mais bonita, depois destas meditações.”.

 

 

sábado, 14 de junho de 2014

RETIRO DA PASTORAL FAMILIAR 2014 (1)


No final de semana de 13 a 15 de junho, aconteceu no Centro de Estudos da nossa Arquidiocese, no Sumaré, mais um retiro promovido pela Pastoral Familiar, tendo como pregador, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, nosso bispo animador.
Como a ocupação do local restringe o número de participantes, compartilhamos com nossos amigos internautas aqui no nosso blog a riqueza de experiências deste final de semana abençoado! Venha fazer este “retiro virtual” conosco você também!
 
 
 

1ª meditação – O Valor do Silêncio
 
Dom Antonio iniciou o retiro nos lembrando que chegamos aqui sem sabermos o que iríamos ouvir, mas Deus sabe o que quer nos falar.
Citou um trecho de uma obra escrita por um crítico musical, escritor, coordenador artístico de grandes eventos para TV italiana. É uma biografia de Chiara Luce. A jovem focolarina, que faleceu aos 19 anos e foi recentemente beatificada. E o mais interessante de tudo: ele é agnóstico. Escreveu o livro a pedido de sua irmã que era a melhor amiga de Chiara. Dom Antonio partilho conosco um capítulo deste livro que se chama “25 Minutos”. Conta o que aconteceu om a jovem no dia 14 de março de 1989. Chiara estava no hospital para o seu primeiro dia de quimioterapia. E, só então, entenderia a gravidade de sua doença.  Quando Chiara vê a placa “oncologia” sente uma angústia no coração... Deve ter pensado no que Deus estava lhe pedindo. Já fazia algum tempo que sabia que não era coisa simples.
Quando Chiara voltou do hospital, toda encapotada em sua jaqueta verde, jogou-se no sofá, conta o autor.  Tereza sua mãe, que por ordem dos médicos não acompanhou a filha ao hospital porque estava adoentada, aproxima-se dela, querendo saber como foram as coisas. Chiara responde: “Não fale agora.”. Tereza tenta puxar conversa de novo: “Agora, não, mamãe!”, responde. Pode-se ficar furioso com Deus ou ficar se iludindo. Mas Chiara só precisava de um pouco de tempo, para esmiuçar as consequências do que lhe estava acontecendo. Sempre havia feito assim desde criança... ainda mais agora.
Continua o autor, afirmando que foi o momento mais importante de escolha na vida de Chiara. Ninguém pode dizer o que se passou em sua cabeça naqueles 25 minutos de silêncio. Uma batalha silenciosa entre o instinto e a razão, entre o desespero e a aceitação do próprio destino. O medo da morte, o repentino esmigalhar de todos os projetos. Ninguém pode dizer tampouco como Chiara pode sair daquele buraco negro. Qual foi a força que a ajudou a abraçar a muito aquela que havia escolhido como Esposo.
Depois daqueles 25 minutos terríveis ela disse: “Agora pode falar, mamãe!”. A batalha se resolvera depois de uma conversa profunda com o seu Senhor. Naquela vez, como em tantas outras, Chiara havia dito o seu “sim”, num consentimento que aconteceria dali até o seu fim.
Depois desta leitura, continua Dom Antonio:
Essa menina travou uma batalha por 25 minutos, 25 minutos de silêncio. O silêncio – seja de quanto tempo for – não é uma dimensão da vida pessoal para pessoas excepcionais, é para todas as pessoas que querem viver a verdadeira vida.
O silêncio é sobretudo necessário em momentos especiais da vida, como um retiro. Infelizmente criou-se um mau costume na Igreja Católica: estamos acostumados ao barulho. Se fazem retiros como se fossem encontros, onde as pessoas mais falam do que escutam Deus falar. Ora-se mais com ruído do que com silêncio. Este não é o tempo para se pôr a conversa em dia. Precisamos ter a coragem neste retiro de dizermos: “Agora não...”.
Se estamos num retiro para ouvir Deus (e não o sacerdote, que é apenas, como dizia são Paulo, um embaixador de Deus) é preciso “secar” no silêncio interior e exterior essa “fonte” de uma água contaminada. É a fonte das curiosidades. Ficamos muito curiosos sobre o que vamos ouvir. As curiosidades, em geral, levam à dispersão, nos esvaziam e nos conduzem apenas à superficialidade da vida. Os pensamentos de Deus não lançam raízes numa alma distraída e dispersa.
Além disso, muitas curiosidades são inadequadas. Esse esforço do silêncio deve ser feito sempre, mas especialmente, nesses dias de retiro. A nossa intimidade não é penetrada, nem conhecida no barulho das curiosidades. E viemos ao retiro para nos conhecermos em Deus. Devemos sair do retiro nos conhecendo muito melhor e descobrindo facetas novas da nossa intimidade. Como podemos querer conhecer o outro se não nos conhecemos e não deixamos nos conhecermos com o olhar de Deus?! Como eu sou conhecido/a por Deus?
É uma batalha silenciosa entre a emoção e a razão. Como o fez Chiara Luce. E a partir daí sua vida foi mudando. Uma pessoa jovem que adquiriu a experiência do silêncio com Deus.  Deixar Deus falar.
Além disso, o silêncio conduz a um caminho muito importante na vida, seja um silêncio curto ou prolongado, o caminho de procurarmos o juízo de Deus, e não os diagnósticos humanos.
No documento “A Alegria do Evangelho”, o Papa Francisco diz que precisamos evitar o “excesso de diagnósticos”, em que não se leva em conta e nem se conhece a pessoa que está sendo examinada. Às vezes, fazemos isso na vida. Procuramos conhecer muito sobre as coisas e as pessoas, mas não deixamos Deus nos dizer o que Ele pensa.
Descuidar o silêncio é andar por um caminho de vaidades. A vaidade mais grave é a de se julgar: “Eu sei como eu sou... eu sei conduzir a minha vida... eu tenho certeza de que o caminho é esse...”. Isso não é juízo... é diagnóstico. E, ás vezes, os diagnósticos estão errados.
Um outro autor diz: “A tagarelice é o trono da vaidade.”. A falta do silêncio interior e exterior é a falta dos valores os quais alimenta a vida: a paz interior, a serenidade...
Sequemos, portanto, a fonte da curiosidade e desçamos do trono da tagarelice.
Quem não sabe viver no silêncio ainda não aprendeu a viver. A primeira vantagem do silêncio é encontrar-nos conosco mesmos, ir em busca dos alicerces mais profundos do nosso eu. Isso é impossível no barulho, porque nos derramamos muito para fora de nós mesmos. É falar demais quando Deus quer que a gente ouça demais.
No teatro Municipal, o papa Francisco pediu que promovêssemos a cultura do encontro. E isso deve começar conosco mesmos. Encontrar-me comigo mesmo, com minhas raivas, dúvidas, desejos, necessidades. Encontro-me comigo mesmo apesar da minha confusão interior que é fruto da minha falta de vigilância? Por que estou tão tenso, estressado, tão longe das pessoas e de Deus?
O silêncio clareia o olhar inteiro. Dilata as pupilas da nossa alma, e nos faz ver problemas nos recôncavos da nossa existência.... problemas dos quais fugimos, problemas que adiamos e fingimos que não os vemos... O silêncio é o melhor caminho para o autoconhecimento.
O silêncio não é só o caminho, mas o atalho para voltarmos a falar, com acerto, palavras que constroem e não palavras que destroem. É condição imprescindível para o reto falar. O momento em que mais ferimos as pessoas foi quando deixamos as cachoeiras das paixões causarem verdadeiros “Tsunamis” na vida dos outros... É como “contar até 10”... não é só uma questão de técnica, mas de silêncio e espera. Dizem que “O sábio se conhece pelas suas poucas palavras.”. Não se trata, portanto, de falar muito, mas de falar com respeito e amor o que reto e útil.
O silêncio no retiro é um excelente caminho para o desapego interior, sobretudo das ideias fixas, ou temosias. O desapego dessas razões (sem razão) e das quais não queremos abrir mão são sentimentos que nos escravizam. O silêncio nos permite entender melhor as ideias de Deus, nos permite descobrir suas vontades cheias de sabedoria e amor, que saem diretamente do seu coração. O silencio é como os braços de Deus que nos protegem, nos acolhem e nos dão carinho. Porque quando ficamos no barulho das ideias fixas, e vamos deixando esses pensamentos obsessivos nos dominem, caímos nos “braços pesados” que não nos aliviam. Vivamos esse desapego. Quais são minhas ideias teimosas? Não abro mão das minhas fantasias e superficialidades? Sou capaz de desapegar-me das minhas antipatias? Das dores da alma? Das amarguras da vida?
Deus nos pega pelo braço e nos leva pelos caminhos do desapego. Faz crescer em nós o homem novo, movido pelo amor a Deus. O que me move na vida? Como posso amar a Deus se não sinto seu amor? O verdadeiro amor reclama o silêncio. O silêncio do olhar, do ambiente... e para sentir-me amado por Deus e para poder ama-lo preciso viver de uma forma independente do que está a minha volta... Mesmo estando em plena época de Copa do Mundo, como estamos agora!
Teremos momentos curtos e longos durante este retiro para, em silêncio, nos encontrarmos com Deus. Quem consegue viver no silêncio, consegue viver no mundo sem ser dominado pelo mundo. Diz Jo 17, 15: “Pai, não peço que os tireis do mundo, mas que os livreis do mal.”. E o mundo de hoje é o mundo do barulho, da correria, das tensões... é o mundo que está longe de Deus.
Quem não consegue fazer silêncio se deixa dominar pelo mundo. Deus só se aproxima de verdade das almas silenciosas. Quando a vida nos proporciona 25 minutos de silêncio exterior é um privilégio... Imaginem só dois dias de retiro. Que saibamos aproveitar esta oportunidade de ouro. Deus quer se encontrar conosco neste silêncio e nos ensinar um novo modo de nos encontrarmos na vida. Pedimos esta graça por intercessão a Nossa Senhora, a Virgem do silêncio, que guardava tudo em seu coração. Falava só o necessário. Seu silêncio aos pés da Cruz mostra o segredo da sua vida íntima com Deus. As poucas vezes que abriu a boca, foi só para proferir palavras retas. “Fazei tudo o que ele vos disser” (cf. Jo 2). E Jesus nos diz: quero vos encontrar aqui, no silêncio.


2ª meditação – Um Olhar Contemplativo
Deus quer falar conosco sobre si mesmo, já que estamos para celebrar a festa da Santíssima Trindade. Deus, na sua perfeição e comunhão, nos contempla, a nós que somos seus filhos. Somos acompanhados, amados e eternamente vistos por Deus. Vivamos este tempo, estas coordenadas, olhando a vida desta mesma perspectiva. Um dia estaremos diante de Deus, um dia estaremos olhando sem cessar para aquele Pai, Irmão e Amigo que nos têm diante deles desde toda eternidade. O seu Mistério silencioso é uma grande luz para a nossa vida. Porque a vida é exatamente isso: um diálogo entre Deus Uno e Trino e cada um de nós.
A vida para cada um de nós transcorre no tempo, mas estamos destinados  a viver na eternidade. Assim como a luz do sol nos mostra a beleza da criação, também a luz da fé nos permite ver aquilo que os antigos pensadores se questionavam. Para o mundo antigo greco-romano, em que pessoas se dedicavam a contemplar a natureza, perguntava-se:  “De que vale isto para a eternidade?”.  É uma pergunta constante. Uma visão que nós devemos ter na vida: O que vale tudo o que vivemos, se tudo acaba? O que vale tudo o que acumulamos na vida, se depois tudo se tornará pó?
Por isso, Deus quer conversar conosco, do seu silêncio da eternidade, sobre um tema pouco conversado, mas necessário: a VIDA CONTEMPLATIVA. Será o primeiro tem a do nosso retiro. Ver a vida, contemplando a Deus.
O que, aliás, é a única forma de termos uma vida realmente ativa, e não dispersiva, como uma contínua “roda viva”, que vai nos comprimindo e esmagando. Uma vida de diálogo contínuo com a Santíssima Trindade, um diálogo fraterno e amigável. Seguindo o conselho que Jesus dava aos pescadores, homens ativos que saíam de madrugada para pescar a as vezes não pescavam nada. Um dia Jesus entrou na barca (Lc 5, 4-6):
“... e disse a Simão: “Faze-te ao largo, e lançai vossas redes para pescar.” Simão respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede.” Feito isto, apanharam peixes em quantidade tão grande, que a rede se lhes rompia.”
 Pedro cedeu na sua realidade de pescador experiente, e cumpriu a vontade de Jesus. Obedeceu-o, e teve uma pesca milagrosa. Olhou nos olhos de Cristo, deixou-se olhar por ele, foi trabalhar e o trabalho foi frutífero. Convém orar sempre e não desfalecer, também alertou Jesus mais tarde. Convém conversar sempre com Deus, como Jesus faz. Ser um católico de verdade é ser um homem e uma mulher de oração, que estão continuamente em diálogo com Deus Uno e Trino.
Não basta ser somente um batizado que dedica alguns momentos da sua rotina para rezar. Não basta ter alguns momentos de oração, mas é preciso ter uma vida contemplativa. Quando a vida vem com seu rolo compressor, vemos a diferença entre um e outro: alguns ficam desesperados, aflitos.... isso é incoerente com que está constantemente na presença de Deus. As orações vocais têm sua importância, mas a contemplação é muito mais essencial do que se imagina. Preciso ser, de fato, uma pessoa de oração, que sabe que está sendo contemplada por Deus, que não tira os olhos de mim. E hoje em dia, vemos pessoas que não tiram os olhos do visor do celular, da TV, do computador...
Como foi prazeroso, hoje, quando acordamos e vimos o amanhecer neste local que nos acolhe. Tivemos ante nossos olhos a maravilha da criação de Deus Criador: Por isso tinha muita razão o poeta que, diante do mar, dizia: “Por que todo mundo vê o que eu vejo e não enxerga o que eu contemplo?”. Estamos muito acostumados a olhar simplesmente para a vida,  mas não a contemplá-la.
Contemplar é um dom do Espírito Santo que precisamos pedir, e que está embutido no dom da sabedoria, ou seja, aprendermos a saborear a vida, termos um gozo de viver, de trabalhar, de nos relacionarmos com o mundo e as pessoas à nossa volta. Mas essa não parece ser a tônica do mundo atual. Todos vivem se lamentando e se justificam com olhares realistas: “Como podemos ter prazer e esperança se o futuro é tão incerto?” Podemos, sim, começar e terminar cada dia com prazer, se contemplarmos a Deus. Não se trata de uma atividade intelectual, mas de um dom espiritual. São João da Cruz, grande contemplativo, chamava a contemplação com uma expressão muito especial: a ciência do amor. Talvez não tenhamos a ciência que os grandes gênios da história tiveram para penetrar os grandes mistérios da natureza, mas nós podemos penetrar mistério de Deus. É a ciência que percebemos nos pais que contemplam o filho recém-nascido, com um olhar bem diferente do olhar do médico, da enfermeira... O olhar das pessoas que estão apaixonadas uma pela outra – como o deve ser sempre o olhar entre os esposos... Precisamos ser contemplativos no amor humano, ainda que se passem muitos anos de convivência. Por isso, a palavra-chave é sermos pessoas que sabem olhar. Não podemos perder de vista este olhar de amor.
O CCE, no n. 2014 diz: “Deus chama a todos os batizados a uma união íntima com ele.” União que será eterna após a morte, mas que já começa aqui na minha vida terrena. Por isso, precisamos do dom da sabedoria, e de dispormo-nos para recebermos esse dom, como a semente que cai na terra dura, pedregosa, espinhosa ou na terra boa. Nossa alma precisa ser preparada para ser essa terra boa que receberá a semente da sabedoria.
Uma forma de não sermos um mau terreno, já ouvimos ontem à noite: sabendo guardar o silêncio. Assim, poderemos ouvir a Deus. Não só neste retiro, mas na nossa vida diária. Momentos de silêncio procurados intencionalmente para não sermos engolidos pela vida, para não sermos comandados, mas sim comandantes. Quem não sabe encontrar uns momentos de silêncio para estar na presença de Deus, mesmo com tanto trabalho, preocupações e atividades, não saberá viver e não dará frutos. Peçamos o dom da sabedoria para sabermos saborear a vida, de verdade.
Em segundo lugar, durante o dia, durante nossas muitas atividades, que nos exigem e nos cobram, é preciso trabalhar sem distrair-se, sem dispersar-se. Não podemos ser só “Marta”, mas devemos ser também como “Maria”. Numa das visitas de Jesus, Marta trabalhou muito distraída, e o trabalho distraído é muito esgotante. Imagine 13 homens famintos chegando na sua casa de surpresa... E Jesus responde a ela: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas. No entanto uma só coisa e necessária. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada. “ (Lc 10, 41-42).
Não devemos ser só Marta, e nem só Maria. Mas em tudo o que fizermos devemos perceber que Cristo está no meio do nosso trabalho. Não nos distrairmos com o imediato, mas estarmos aos pés de Cristo até em meio às nossas tarefas diárias, sabendo nelas reconhecer a presença de Cristo. Assim, encontraremos motivação para ver e fazer a única coisa que nos é necessária: agradar a Deus. Distrair significa perder o necessário, que é aquilo que não passa. Caminhar entre as coisas que passam, sem perder de vida as coisas que não passam.
Como Chiara Luce, sobre  qual comentávamos ontem. Depois que foi diagnosticado o seu tumor maligno que a levaria a morte, ela viu, um dia, seu pai visivelmente esgotado. Afinal, além do trabalho para sustentar a casa ainda lutava com a doença da filha única. Ela disse ao pai: “É preciso fatiar as coisas... viver bem cada minuto em união com Jesus.” E sua melhor amiga, irmã daquele biógrafo agnóstico, depois de visitar Chiara, já ciente da sua doença, viu como sua mãe, Teresa, questionava porque tal desgraça acontecera com sua filha e não com ela própria. Ela chorava, mas concluía que era melhor acreditar no amor de Deus.
Devemos, no silêncio da nossa alma, perguntarmo-nos: O que predomina em mim? O ativismo? A correria? Ou a contemplação? Somos capazes de saborear a vida, de ver a mão de Deus atrás de cada acontecimento? Influencio na vida das outras pessoas, não pelo que eu faço, mas pelo que eu sou?
Uma pessoa contemplativa, sem querer, é também contemplada pelas outras pessoas, porque ela olha tudo com olhos da eternidade. No final do livro sobre Chiara, o agnóstico diz: “Criei o hábito de me dirigir a Chiara com certa frequência, como a uma heroína. No meu caso é mais como uma brincadeira, do que uma oração. De vez em quando funciona, de vez em quando não. Seja como for devo admitir que hoje muito mais do que há 20 anos, Chiara me dá mais conforto.” Vejam só o milagre: Chiara transformou um agnóstico em um contemplativo. Ele não fala com Deus, mas fala com Chiara. E Chiara com certeza fala dele para Deus. Nós também podemos fazer isso. Como eu sou? Ativista? Olho só para mim mesmo e os resultados dos meus esforços e não procuro o resultado – que é Deus?  Ou contemplativo? Vejo as coisas e deixo Deus me ver?
Lembremo-nos das três pessoas perfeitas que me contemplam sempre.

 


1ª palestra -  A MISSÃO DOS LEIGOS



Jesus usou uma metáfora, comparando: “O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda...” (Mt 13, 31). A Igreja vai caminhando no passo de Deus. E continua a parábola: “...que um homem toma e semeia em seu campo”.
Se a Igreja nasceu pequena e foi crescendo como ação eficaz de Deus no meio do mundo. Mas para que isso aconteça ela precisa ser tomada assumida por cada pessoa e semeada em cada campo em que atuamos, na família, no trabalho, etc. Ela está nas mãos de cada um de nós, como aquele grão de mostarda. A  Igreja está nas mãos de cada um de nós. O ritmo de crescimento será o próprio da semente. O papa alertou os bispos, que muitas vezes nos ocupamos com muitas coisas dentro da Igreja, mas não nos preocupamos com a Igreja. O mesmo pode acontecer também com a família, com os relacionamentos familiares.
Usando esta metáfora da árvore, há um tronco comum: a vida e a mensagem de Cristo, ou seja, a doutrina da Igreja, que é comum a todas as pessoas batizadas em todas as partes do mundo, mas existem os ramos desta árvore que vão formar a copa. O tronco comum nunca vai cair nem apodrecer, porque é a essência da Igreja. Mas sua copa crescerá ao ritmo do nosso trabalho. Poderá ser frondosa ou minguada, de acordo com a nossa atuação. A extensão da Igreja depende, em última análise, dos leigos. Que o tronco esteja firme e ereto, com a graça de Deus, depende da hierarquia eclesial, mas onde estes não chegam, os leigos devem estar atuando. Os bispos, padres e diáconos não podem estar em todos os lugares, mas os leigos estão. Mas o que são os leigos?
A palavra LEIGO vem de uma raiz grega: “laikos”, que significa “pertencente ao povo”. Não aparece na Bíblia, nem no Antigo, nem no Novo Testamento. Os seguidores de Cristo eram chamados de “fiéis”, “santos”, “embaixadores de Cristo”, “familiares de Deus...”. Somente lá pelos anos 40 ou 50 d.C., em Antioquia, é que os batizados forma chamados de “cristãos”, palavra que predomina até hoje. E um papa, Clemente I, que é dos finais do século I, que usa pela primeira vez o termo “leigo”. Ele fez referência ao povo de Israel, de quem não pertencia à tribo de Levi. Sabe-se que o povo da antiga aliança tinha seus sacerdotes retirados da tribo de Levi. Ele usava o termo batizados como intercambiável á palavra “leigos”, comparando com os que eram do povo de Israel, mas não eram da tribo de Levi. Leigos, eram, assim, todas as pessoas que não pertencem à hierarquia da Igreja, ou seja, não são sacerdotes. Acabou ganhando uma certa conotação negativa.
Com o surgimento da vida monástica, dos que se retiravam do mundo, surge a vida religiosa, que seguiam  suas regras (regulares), e os que não se afastam do mundo, que eram os seculares. O leigo vinha sempre com um conceito negativo “aquele que não é...”. Mas, o que é o leigo, num sentido positivo?

 
 
É pelos leigos, principalmente, que a Igreja chega às periferias, como vem convocando o papa Francisco, recentemente. A copa desta árvore precisa se estender mais, chegando a ambientes onde ali a igreja ainda não está presente. Isso é papel e missão do leigo. E como isto foi amadurecendo?
Há três períodos bem distintos:
 
1-      Desde Pentecostes até o século IV – todo batizado tinha consciência de que era um membro vivo da Igreja. Como havia poucos sacerdote4s e bispos, o povo sabia que a Igreja dependia dele. A Igreja, por exemplo, começou a entrar na Europa graças a uma mulher leiga, comerciante, chamada Lídia, que se abriu à mensagem de Cristo proclamada por São Paulo. Ela se abriu ao grão de mostarda, converteu-se juntamente com sua família e foi estendendo sua copa. Um casal, Áquila e Prisicla, fazedores de tendas, coo Paulo, também se converteram e foram estendendo a copa da Igreja. O leigo era parte essencial da missão da Igreja. A fé ia se difundindo num mundo pagão a partir do tronco de Pedro, Paulo e os outros apóstolos, mas estendia seus ramos pelos leigos. Diz São João Crisóstomo, numa carta a uma comunidade de cristão: “Eu não vos disso não se casem. Eu não vos digo abandonai a cidade, e afastai-vos dos negócios do mundo. Não,. Permanecei onde estão, mas praticai a virtude. Para dizer a verdade mais gostaria que brilhasse suas vidas pelas virtudes, mais do que aqueles que não são cristãos. Não se pode acender uma luz, mas colocá-la embaixo de uma mesa. Não usemos a justificativa:” ... tenho filho, tenho mulher, tenho casa e não posso cuidar das coisas de Deus...”. Se és fervoroso terás a luz do mundo. Só uma coisa se requer ao leigo: disposição. Nenhuma coisa pode constituir obstáculo à virtude. Todos cumprem o que foi mandado pelo nosso Senhor. Jovem, era Davi, José era escravo, Áquila exercia uma profissão manual, outro era guarda de uma prisão, outro estava doente, como Timóteo, outro era um fugitivo, como Onésimo, e nada os impediu que brilhasse sua virtude.”
Foi assim que um império pagão se tornou cristão. A árvore do Reino de Deus cresceu não só no tronco, mas na Copa. Durante séculos os leigos não deixaram o mundo ao léu, mas ao contrário transformaram o mundo.
 
2-      Do século V até o século XV – começou um período de uma espécie de harmonia entre o mundo e a Igreja. Cristo permeava todas as dimensões do mundo. Povos bárbaros foram evangelizados e tiveram seus costumes modificados. Era a época da Cristandade. Os valores cristãos eram não só valorizados, mas vividos. Foi um milênio de um trabalho silencioso. É claro que havia ainda realidades para serem cristianizadas, mas em geral, eram pessoas que tinham uma visão cristã da vida. Eram leigos como reis, rainhas e outros leigos que semeavam o grão de mostarda e eram sal e luz do mundo. Para um batizado não se concebia uma vida dupla: ou era cristão ou não era. Assim, entendemos porque os hereges eram banidos da sociedade e veio a inquisição, questão que podemos tratar em outro momento. A doutrina da Igreja era essencial para uma sociedade melhor. As fontes para tal estavam na vida religiosa. E para contemplar o leigo, muitas ordens religiosas possuem a ordem terceiro, voltada para os leigos. Um exemplo é Santa Catarina de Sena que era da Ordem Terceira Dominicana. Os leigos viviam na sua missão. Eram Igreja, e consolidaram o mundo cristão. A vida social durante séculos foi fecundada pelo espírito cristão e uma grande parte destas mãos que semeavam eram jovens, casados, solteiros, trabalhadores...
 
3-      E dos séculos XVI até o século XX – chegou a Idade Moderna, que abalou o mundo até hoje, especialmente com as mudanças trazidas pelos séculos XVI, XVII e XVIII. Aconteceram duas coisas bem significativas que influenciam nossa cultura atual. Duas fraturas graves na história da humanidade: a separação da fé e da razão. Lutero cometeu um grande erro de fé. A razão humana é o suficiente para explicar Deus. E um século depois Descartes fez a ruptura entre fé e sociedade. O valor da religião se perdeu para ser uma mera construção da sociedade. Por isso, fala-se tanto no estado laico. O que determina é o princípio do progresso e da evolução: o que se faz hoje é melhor do que o que se fez ontem. A fé vai ficando cada vez mais marginalizada e por conseguinte a Igreja. O princípio do progresso vem com outros dois, a descristianização da sociedade e a secularização da Igreja. Os valores do passado não servem mais para o pressente. Isto nós respiramos, bebemos e nos alimentamos a cada dia. Hoje já não se conserta mais nada que quebra. Joga-se fora e compra-se outro... O velho... é velho. E assim se age até com as pessoas. Por isso, o papa insiste tanto para valorizar a sabedoria dos idosos, que acabam sendo descartados. O que vale não a pessoa, mas o que ela é capaz de produzir. Onde estão os leigos nesta hora? São meros expectadores da destruição da sociedade e da Igreja. Deixam o rumo das coisas e as grandes decisões nas mãos de pessoas que se dizem inteligentes e não fazemos nada. É preciso ter a situação de vida perfeita, não importa em quem se pisa. Tudo isso é fruto destas duas fraturas. A razão vai criando uma realidade virtual. E como a Igreja está sempre presente, é preciso arrancar esta árvore para não atrapalhar este suposto progresso. Isso desde a revolução francesa, tão aclamada. Quais as primeiras atitudes: tirar os religiosos do cuidado dos hospitais, fechar escolas católicas, expulsar religiosos, ou seja, tentar arrancar a árvore pela raiz. E aqui reside o núcleo central deste período em que vivemos: houve um retraimento e inibição dos leigos do mundo para se refugiarem dentro das sacristias. Então, ser um bom cristão é ser da paróquia... Mas na família, no trabalho na diversão, na cultura, vive-se como se não fossemos cristãos. Nas reuniões dos agentes de pastoral só vemos problemas e se diz: “Aqui dentro me sinto tão bem...”. passa-se a ter uma ambientalização do catolicismo. Na Igreja vivo bem e protegido, mas lá fora vivo como o mundo todo vive. Mas onde os primeiros cristãos viviam? Lá fora! Nos palácios, nas termas, nos mercados, nos grandes centros de pensamento filosóficos, nos fóruns.... viviam no mundo para levarem Deus ao mundo.
 
A igreja, graças a este tronco alimentado pela seiva do espírito, quer formar uma geração de leigos que façam seu trabalho ao estender esta copa. Vemos um resnascimento da consciência do batizado que age como Igreja em favor da Igreja. Essa é a responsabilidade atual do batizado. No século II lê-se esta carta de Diognieto: “Os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. Tão importante é o lugar que Deus lhes assinalou que não é lícito deserdar.” Os leigos são aqueles que ganharam de Deus a responsabilidade de se ocuparem do mundo, são os protagonistas do verdadeiro progresso e desenvolvimento sustentável nos valores que dignificam a pessoa, a família, a política, a cultura, etc. Lembremos da barbárie que foi recentemente notificada de uma festa de formatura escandalosa na UFF. A cultura atual está muito secularizada e descristianizada.
O tronco é responsabilidade da hierarquia, por isso ela existe na Igreja, mas o ramos crescem por iniciativa do que é a maioria da Igreja: os leigos. O tronco tira da terra e distribui toda substância nutritiva para a árvore, mas é a á sombra desta copa frondosa onde os pássaros vem se refugiar e construírem seus ninhos. Os leigos não podem ficar passivamente esperando o que os padres vão dizer. Pra que direção num carro onde não há motor. Uma só tem sentido com a outras. Os leigos estão na primeira linha da Igreja. Não estamos penas na Igreja mas somos Igreja! E isso se fala desde Gregório XVI, um papa que logo após a revolução francesa 91831 1 1846). Ele foi despertando a consciência dos católicos, num mundo que achava que tinha atingido o máximo da ciência e da razão, Pio IX falava das responsabilidades sociais dos cristãos como cidadãos do mundo e não “escondidos embaixo das saias dos padres”. Leão XIII escreveu uma encíclica sobre o papel dos cristãos da sociedade, como base da doutrina social da Igreja: a Rerum Novarum. Os sindicatos, que hoje se desvirtuaram, têm uma origem cristã. E assim, todos os outros papas vem chamando a atenção dos leigos atuando fortemente e cristãmente na sociedade civil. O Magistério sempre coloca o protagonismo e a iniciativa do leigo que precisa conquistar seu espaço de missão. Onde é que estão os leigos para se destacarem na família? Preferem não se meter nessa sujeira e continuar sendo um bom e recatado pai de família... O leigo é a igreja presente nos diversos ramos da cultura e da ciência, abrindo a mentalidade científica à mentalidade revelada. Se faz muito melhor medicina, economia quando se parte do princípio que o homem é imagem de Deus. A missão da Igreja é que em todas as situações exista, pelo menos, humanidade. As pessoas não precisam acreditar no dogma da Santíssima Trindade, mas precisam se verem e se entenderem como serem humanos, verdadeiramente humanos. Leigo é aquele que exerce uma ação livre e responsável diante de Deus em meio à vida temporal.
Num outro documento se diz que o leigo toma a livre e responsável iniciativa em unidade de espírito e doutrina com a hierarquia para cristianizar a sociedade. É distinto da hierarquia, mas não é um separado, porque não existe ramos sem tronco e nem tronco sem ramos. O leigo não aquele que vigia o padre para denunciá-lo ao bispo. Nem o padre pode ser aquele que vê o leigo como aquele que vai fazer o que ele não quer fazer... O leigo não pode só atuar dentro da Igreja, mas principalmente fora dela, fazendo a árvore crescer não só para cima, mas também para os lados. Podemos, claro, colaborar com a paróquia, sim, mas não é nossa missão essencial que é agir onde Deus nos colocou. É preciso darmos vitalidade ao corpo social em todas as suas dimensões. Um leigo consciente da sua missão que bebe a seiva do tronco da doutrina cristão sabe extrair daí todas as exigências espirituais e sociais do Evangelho. O Reino dos céus é como um grão de mostarda...” Essa é a nossa responsabilidade eclesial.
Fala-se tanto de que a sociedade é plural, mas dão espaço a tudo, menos à fé. Jogam-se fora os dois mil anos em que a Igreja colaborou com a pintura, a música, a arquitetura e a ciência. Mas para desvalorizar a Igreja diz-se que foi a “Idade das trevas”, porque foi a época da cristandade. E hoje? O que se vê? Por que nas novelas não se consegue passar uma imagem que não acabe num beijo, não consegue haver um diálogo sereno?
O que Deus espera de mim neste mundo secularizado, em que a Igreja é perseguida de uma forma ostensiva ou sutil? Devemos ir ao mundo a li atuar. Neste mundo que está abandonado nas mãos de ateus que se dizem inteligentes e progressistas, preocupadas com a humanidade, com as minorias, as mulheres e as crianças.. . mas estão fazendo um trabalho totalmente contra a humanidade. Está óbvio!
 
 
 
(Fotos: Claudio Maris)
 
 
A tarde encerrou-se com a meditação do terço, numa agradável caminhada contemplando a natureza ao redor do Centro de Estudos do Sumaré e a bênção de Dom Antônio sobre a Cidade Maravilhosa!